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domingo, 8 de abril de 2012

Azul-escuro de uma solidão

O texto que vou publicar a seguir é uma história que escrevi a cerca de três anos e resolvi partilhar.
Chama-se azul-escuro de uma solidão.

Azul-escuro de uma solidão

Era Verão e Isabel sentia a humidade própria daquele altura percorrer o seu corpo. Estava deitada a pensar e usava a escuridão como companhia. Era assim que gostava de pensar, no silêncio, onde ninguém a podia interromper. Gostava de analisar o seu dia e isso ajudava-a a dormir quando não estava cansada para dormir logo quando se deitava.

- Ele tinha razão – disse ela muito baixinho para que os seus pais não a pudessem ouvir.

De repente, uma lágrima percorreu-lhe a face. Sentiu a tristeza e o calor daquele amor do passado inundarem o seu coração e lembrou-se de tudo o que sofrera por ele e como o amara. Nunca sofrera por ninguém daquela maneira mas nunca amara ninguém como o amou a ele.

Quando estava com ele, ela desejava que o tempo parasse para puderem estar infinitamente juntos, amava-o como se fosse a última vez que o veria, sorria de alegria pura, uma alegria que a percorria sem igual e conversava tão naturalmente, como se o conhecesse desde o primeiro minuto da sua vida.

Ele dissera-lhe que ela sentiria a sua falta e não encontraria um outro amor como o deles. E tinha razão, Isabel sentiu a falta de correr para ele para desabafar. Sentiu a necessidade de alguém acarinhar a sua boca e a falta daquele abraço onde ela se sentia segura.

Naquele momento não conseguia decidir se o que se tinha passado entre eles deveria ter mesmo acontecido. Nunca sentira sentimento tão forte por alguém mas e a dor?! A dor que sentiu por não poder estar perto dele, a dor do abandono, a dor de não saber que fazer com todo o amor que a continuava a inundar depois de ele a ter deixado. A dor tinha sido um vulcão, um tsunami e um sismo que tinham abalado o seu mundo.

Naquele preciso momento, eles eram desconhecidos um para o outro. Os dois tinham seguido com a sua vida e feito os possíveis para esquecer tão profundo sentimento. Era a adolescência, as coisas mudavam e eles queriam aproveitar a mudança para se transformarem em outras pessoas ou no mínimo esquecerem que alguma vez se tinham sequer conhecido. Agora este era o presente deles.

Isabel voltou e recordar-se de um momento entre os dois, um momento feliz. Mas com os momentos felizes vem os momentos infelizes.

Isabel tinha ido a uma festa com as suas amigas e amigos e dançava. Divertia-se tanto a cantar e a dançar ao som daquela banda que era a sua banda preferida de infância. Lembrou-se que durante algum tempo da sua infância só sabia as letras daquelas canções. Olhou para trás e foi então que o viu, viu aquela pessoa que amou e tentou esquecer. O tempo parou para ela. Isabel olhou para ver se ainda reconhecia alguma coisa que amara nele e encontrou. O seu olhar continuava o mesmo. Foi diferente olhar para ele, nos seus grandes olhos verdes, uma sensação que a acompanhou durante o resto da noite.

Ele estava com a namorada e ela com os amigos mas os dois queriam olhar um para o outro e descobrir quem eram eles os dois naquela noite.

Depois de chorar por se ter lembrado daqueles sentimentos todos que tinha abandonado, Isabel adormeceu com a mão fechado sobre o coração como que para suportar a dor das recordações.

O azul-escuro da escuridão e a dor tiveram a mesma cor durante aquela noite. Um azul-escuro misterioso, para uma dor inesquecível e uma escuridão silenciosa. Os dois eram da mesma cor para Isabel.

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